As mulheres têm vindo a ganhar uma importância cada vez maior no Supercars Endurance, sendo possível vê-las em diversas funções de relevância no paddock e também em pista têm vindo a marcar presença, este ano com três pilotos – Nerea Martí (BMW Motorsport España), Alba Vásquez (McLaren Barcelona – SMC Motorsport) e Gracie Mitchell (Tockwith Motorsports) – competindo estas duas últimas na competitiva divisão GTX ao passo que a recruta da BMW M Racing Academy participa na GT4 Pro.
A jovem inglesa de 18 anos estreou-se no Iberian Supercars na última prova da temporada passada, aos comandos de um Ginetta G55 da Tockwith Mototsports, tendo imediatamente impressionado ao vencer uma das corridas do Estoril, na companhia de Henrique Cruz, piloto da FPAK Junior Team de Velocidade de 2023.
A boa prestação de Gracie Mitchell foi suficiente para que a formação britânica lhe apresentasse uma proposta para 2025, que esta aceitou por diversos motivos. “Tornou-se uma opção para mim após a participação no Estoril. Foi uma chamada no último momento e surpreendente por parte da Tockwith Motorsports para pilotar durante um fim-de-semana. Foi um sucesso, pois saímos de lá com uma vitória. Aproveitei imenso a experiência, o que levou a conversas sobre a possibilidade de competir no campeonato como opção para a época de 2025. Era uma fracção do custo de correr no Reino Unido e, sendo tudo o que faço condicionado pelo orçamento, foi uma decisão óbvia comprometer-me finalmente com um campeonato que envolve não só uma organização e um carro fantásticos, mas também uma excelente equipa”, apontou a jovem inglesa.
Tendo realizado apenas alguns testes de GB4 – campeonato com carros de Fórmula 4 disputado na Grã-Bretanha – e uma temporada da Protyre Motorsport Ginetta GT Championship na classe Am, onde obteve três pódios, Gracie Mitchell não esconde que tem alguns desafios que precisa de enfrentar, sendo o desconhecimento dos circuitos um dos maiores.
“Devido à falta de financiamento, estou constantemente à procura de novos parceiros que se juntem à minha jornada para me ajudarem a chegar aos circuitos (n.d.r.: e testar), já que o principal desafio tem sido o facto de, este ano, cada ronda ser numa pista nova (excepto o Estoril). Isto exige muita preparação prévia, seja no simulador, a tirar apontamentos ou a ver vídeos onboard, para me dar a melhor hipótese em cada corrida”, apontou a piloto da Tockwith Motorsports que este ano faz equipa com o italiano Luca Staccini.
A dupla anglo-italiana ainda não conseguiu este ano uma vitória na cada vez mais disputada divisão GTX, mas tem chegado ao pódio em todos os fins-de-semana, o que lhe permite estar na terceira posição da classificação de pilotos do Iberian Supercars e da do Supercars España e segundo na do Campeonato de Portugal de Velocidade.
Face a estes resultados, Gracie Mitchell mostra-se satisfeita, mas não deixa de evidenciar a sua intensidade competitiva ao deixar escapar que sente falta de subir ao degrau mais alto do pódio: “Até agora, esta época tem sido realmente bem-sucedida! Já ultrapassei a metade da temporada, com três rondas… e até agora consegui pelo menos um pódio em cada uma, o que tem sido crucial para os pontos do campeonato. No entanto, a fasquia está sempre elevada e continuo a apontar para uma vitória ainda este ano!”
É evidente que a piloto de 18 anos tem a ambição para a levar longe na sua carreira e tem em mente subir de categoria já no próximo ano, muito embora hajam algumas dificuldades para serem superadas: “dependendo do orçamento, subir à categoria GT4 com o Mercedes AMG GT4 da Tockwith Motorsports é definitivamente uma opção que adoraria concretizar, se tiver a oportunidade. Como mencionei, este ano não estou apenas à procura de parceiros para a época de 2025… mas também para 2026, de forma a potencialmente assegurar a possibilidade de competir no Mercedes AMG GT4!”
Mas para Gracie Mitchell as dificuldades são apenas um sobressalto que terá de ultrapassar, como o prova o seu mais recente desafio, participar numa prova de 24 horas de karting a solo, algo que nunca foi tentado por uma mulher.
Mais importante, ainda, a jovem inglesa encara este desafio como mais uma forma de mostrar que as aspirações das mulheres não têm de estar balizadas por qualquer limite. “Quebrar barreiras no desporto motorizado enquanto mulher é algo muito motivador. Enfrentar desafios como o das 24 horas é motivador enquanto mulher, pois nunca nenhuma tentou fazer a corrida britânica de 24 horas de karting como piloto a solo! É muito importante para mim aceitar este tipo de desafios, pois gostaria de me considerar um modelo para a geração mais nova de raparigas a entrar neste desporto, para provar que é possível!”, enfatizou Gracie Mitchell.
A jovem piloto inglesa, assim como o restante plantel do Supercars Endurance (que engloba o Iberian Supercars, o Campeonato de Portugal de Velocidade e o Supercars España), entram agora na pausa estival, regressando em Valência, no Circuit Ricardo Tormo, nos dias 13 e 14 Setembro.